Um blog cheio de ideias. Algumas soltas... outras nem tanto! Foi a forma de uma copy perdida se encontrar, finalmente, com as suas palavras... E consigo mesma.

Thursday, August 31, 2006

O Rato que Ruge!

É com muito orgulho que volto a escrever sobre o meu “amigo perdido”.
Para limpar a sua honra, também perdida, algures no meio de um blog, no meio de uma série de palavras escritas a quente.
Ele não gostou do que leu. Mas percebeu. E tentou encontrar o caminho de regresso… até ele próprio.
Percebeu que ele conta, ele faz a diferença, ele consegue ser, sem apenas parecer.
Venho dizer-vos que se encontrou!
Recuperou a auto estima, o controlo da sua vida e até da sua casa J
Hoje não tem tempo para se chatear com as acções da ex, que passou mesmo a ser EX. Em tudo.
Tem tempo para dançar, para surfar, para mergulhar, para ir ao ginásio. Tem tempo para trabalhar, para cozinhar e até para descansar quando lhe apetece.
Tem tempo para ele e para os outros. Mas só “os outros” que ele quer. Aprendeu a pôr-se à frente, porque afinal só nós contamos. Porque à noite, quando estamos sós, é connosco que nos encontramos.
E é feliz. Está feliz!
E eu sei que agora que se encontrou não vai voltar a perder-se.
Respeito-o muito. Pela força que tem. Pela coragem que mostrou ter dentro dele.
Por reconhecer que tinha de mudar o rumo da sua vida. E rugir a tantos problemas.
Parabéns RF. És o maior!


Só mais uma coisinha: a tal “cobra” que lhe cercava a vida acabou por morder a própria língua ;)

Monday, August 21, 2006

Uma verdadeira liçao de vida

Espreitem este link
http://www.youtube.com/watch?v=EReBlwPGECs

É maravilhoso!
Deixo em baixo o texto, pois tenho a certeza de que vão querer guardar algum de entre tantos sábios conselhos ;)

EVERYBODY’S FREE (TO WEAR SUNSCREEN)

Ladies and Gentlemen of the class of '97, Wear sunscreen!
If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be it.
The long-term benefits of sunscreen have been proved by scientists, whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience. I will dispense this advice now...
Enjoy the power and beauty of your youth; Oh never mind, you will never understand the power and the beauty of your youth until they've faded.
But trust me, in twenty years, you will look back at photos of yourself and recall in a way you can't grasp now, how much possibility lay before you and how fabulous you really looked.
You are not as fat as you imagine.
Don't worry about the future or worry that know that worrying is as affective as trying to solve an algebra equation by chewing bubble gum.
The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind. The kind that blindsides you at 4 PM on some idle Tuesday.
Do one thing every day that scares you.
SING.
Don't be reckless with other peoples' hearts; don't put up with people who are reckless with yours.
FLOSS.
Don't waste your time on jealousy, sometimes you're ahead, sometimes you're behind. The race is long and in the end, it's only with yourself.
Remember compliments you receive, forget the insults. If you succeed in doing this, tell me how.
Keep your old love letters; Throw away your old bank statements.
STRETCH.
Don't feel guilty if you don't know what to do with your life. The most interesting people I know didn't know at 22 what they wanted to do with their lives, some of the most interesting 40-year-olds I know still don't.
Get plenty of calcium.
Be kind to knees, you'll miss them when they're gone.
Maybe you'll marry, maybe you won't.
Maybe you'll have children, maybe you won't.
Maybe you'll divorce at 40, maybe you'll dance the "Funky Chicken" on your 75th wedding anniversary.
Whatever you do, don't congratulate yourself too much or berate yourself either.
Your choices are half chance, so are everybody else's.
Enjoy your body. Use it every way you can, don't be afraid of it or what other people think of it. It's the greatest instrument you'll ever own.
DANCE. Even if you have nowhere to do it but your own living room.
Read the directions even if you don't follow them.
Do not read beauty magazines, they will only make you feel UGLY.

Brother and sister together will make it through,
Some day a spirit will take you and guide you there,
I know you've been hurting, but I've been waiting to be there for you
And I'll be there just helping you out, whenever I ca-a-an

Get to know your parents. You never know when they'll be gone for good.
Be nice to your siblings. They are your best link to your past and the people most likely to stick with you in the future.
Understand that friends come and go. But a precious few, who should hold on.
Work hard to bridge the gaps in geography and lifestyle, for as the older you get, the more you need the people you knew when you were young.
Live in New York City once, but leave before it makes you hard.
Live in northern California once, but leave before it makes you soft.
TRAVEL!
Accept certain alible truths: prices will rise, politicians will philander, you too will get old and when you do, you'll fanaticise that when you were young, prices were reasonable, politicians were noble and children respected their elders.
Respect your elders.
Don't expect anyone else to support you.
Maybe you have a trust fund, maybe you'll have a wealthy spouse but you'll never know when either one will run out.
Don't mess too much with your hair or by the time you're forty, it will look eighty-five.
Be careful whose advice you buy, but be patient with those who supply it.
Advice is a form of nostalgia. Dispensing it is a way of wishing the past from the disposal, wiping it off, painting over the ugly parts and recycling for more than it's worth. But trust me on the sunscreen.

Everybody's Free, oh yeah, to feel good, ohhhhh, to feel good.

Thursday, August 17, 2006

9 anos de saudades

“A morte nada é.
Eu apenas estou do outro lado. Eu sou eu, tu és tu.
Aquilo que éramos um para o outro continuamos a ser.
Chama-me como sempre me chamaste. Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom da tua voz, nem faças um ar solene ou triste.
Continua a rir daquilo que juntos nos fazia rir.
Brinca, sorri, pensa em mim, reza por mim.
Que o meu nome seja pronunciado em casa como sempre foi; sem qualquer ênfase, sem qualquer sombra.
A vida significa o que sempre significou.
Ela é aquilo que sempre foi.
O “fio” não foi cortado.
Porque é que eu, estando longe do teu olhar, estaria longe do teu pensamento?
Espero-te, não estou muito longe, somente do outro lado do caminho.
Como vês, tudo está bem.”

Henry Scott Holland

Wednesday, August 16, 2006

Tornas-te eternamente responsavel por aqueles que cativas...

“...E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
- Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo... Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.
Se tu queres um amigo, cativa-me! ... “

(Antoine de Saint Exuperry – O Principezinho)

Thursday, August 10, 2006

A maior empresa do mundo e minha

“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios;
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se autor da própria história.
É atravessar desertos for a de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da alma.
É agradecer a Deus cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”.
É ter segurança para receber uma crítica mesmo que injusta.
Pedras no caminho. Guardo-as todas. Um dia vou construir um castelo…”

Fernando Pessoa

Charles Chaplin

“Cada pessoa que passa na nossa vida passa sozinha, porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.
Cada pessoa que passa na nossa vida passa sózinha e não nos deixa sós, porque deixa um pouco de si e leva um pouco de nós.
Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.”

Wednesday, August 09, 2006

Memória de peixe??

Hoje assisti a uma situação que me mexeu com os nervos. Tive de me conter para não começar a disparatar, dizendo tudo o que me vinha à cabeça.
Às vezes estes ímpetos não dão bom resultado, principalmente quando não conhecemos bem ou não temos ainda intimidade suficiente com a pessoa em questão.
Tenho um amigo (recente, mas decente) que está a viver o rescaldo de uma relação dolorosa.
Foi enganado, maltratado e ainda hoje permite-se a ser gozado.
A ex, uma mulher como tantas outras, está a ter um comportamento semelhante ao de uma fêmea dominante. Abandonou o lar, depois de o ter destruído com mentiras e traições, mas não consegue viver a vida dela sem estragar a dele.
Pelo menos é o que aparenta. Não se desligou e não permite que ele se desligue.
O meu amigo procura encontrar-se. Mas ela quer vê-lo perdido, abandonado.
Porque mesmo que ela ache que ele não é o homem certo para ela, também acha que não pode ser de mais ninguém. Fêmea dominante e infernizante, portanto.
É estranho… e faz-me pensar.
Há situações que não lembram ao Diabo. E há mulheres que não têm mesmo vergonha na cara.
Não sou nenhuma santa. Já tive relações (e ralações) suficientes para experimentar quase tudo no que diz respeito aos sentidos, mas…
Nunca gozei com ninguém. Quando amei, amei de verdade. Quando deixei de amar… segui em frente.
Nem sempre foi fácil. Por vezes é mesmo impossível não magoar as pessoas. Mas devemos tentar.
Tive de aprender a gerir situações de dor, tive de aprender a ser egoísta e a pensar só em mim, nos meus sentimentos, na minha vida. E também aprendi a recomeçar, a levantar a cabeça depois de chorar...
Aprendi que todos nós temos que gerir as nossas próprias dores. É inevitável.
Mas não me lembro de alguma vez ter feito alguém de palhaço. De ter magoado e mentido e enganado até à exaustão.
Porque respeito o ser humano. Porque me preocupo, apesar de às vezes este sentimento de termos de seguir em frente, parecer um "desligamento".
Não é. É a vida. Cada um tem a sua. E quando há uma situação de ruptura devemos permitir que cada um trate da sua.
Acabou. É estranho deixar de partilhar o espaço, o tempo, as conversas, os segredos, a amizade… mas é assim mesmo.
Por vezes consegue-se separar as águas e a amizade permanece. Outras vezes não.
Mas não permitir que a pessoa continue a viver sem nós? Continuar a aparecer e a abusar e a experimentar a dor dessa pessoa é desumano.
O ser humano é realmente complicado e as relações são cada vez mais dificeis.
Podíamos escrever e divagar eternamente sobre este assunto, sobre as vivências, traições, receios, ciúmes, fins, recomeços e afins.
Não é a altura… Hoje queria apenas revoltar-me contra aqueles que exploram e destroem o amor.
Porque não há sentimento mais antigo, mais bonito e mais puro do que este. E porque é o mais fácil de encontrar. Sem procurar, sem querer… bastando para isso estar disponível e bem consigo próprio.
Acabou o amor? Surgiu alguém mais interessante? Não deu? Paciência. Vamos seguir em frente. E deixar que os outros se encontrem também.
Todos os dias trazem algo de novo. Todos os dias são dias de viver, de aprender, de amar e de respeitar. Todos os dias são dias de conhecer e de nos darmos a conhecer.
Temos ainda tanta coisa para aprender, para dar, para receber, para VIVER.
Não quero dar uma de Madre Teresa de Calcutá, mas estas situações revoltam-me.
Sobretudo porque ele é muito boa pessoa, pacífico e só quer voltar a viver a vida dele.
Apesar de ser mulher, não consigo nem perceber, nem pactuar com estas atitudes. São apenas uma vergonha para a nossa espécie.
Sinto que o mundo seria um lugar bem mais agradável se a nossa memória fosse como a dos peixes…

Pensamento do Dia

"A vida ou é uma aventura ousada... ou não é nada"

(Hellen Keller)

Monday, August 07, 2006

A uma amiga (muito amiga)

Eu nem podia acreditar no que os meus olhos viam...
Seria possível? Passaram tantos anos, e agora... assim sem mais nem menos, aí vinha ela, radiosa, descendo a rua, calma e serena, como sempre a recordo, tão linda e segura no seu andar, virando a cabeça dos homens que cruzavam o seu caminho...
É ela! É a minha Cristina... agora que fixou o seu olhar em mim, e reconheço nele a sua alegria.
O meu coração disparou, os meus olhos encheram-se de lágrimas e a minha voz deu lugar a um sussurro embargado de emoção.
Abraçámo-nos! Não dissemos nada. Nada!
Olhámo-nos durante minutos que pareceram segundos, sorrimo-nos uma para a outra... Nos seus olhos eu vi-me a mim, e ela viu-se nos meus...
Para quê falar?
Abraçámo-nos outra vez... Com tanta emoção que comecei a chorar...
Lágrimas repletas de saudades daquela amiga, dos momentos e segredos que foram só nossos, das loucuras e sentimentos que trocámos, dos desabafos, dos risos, das baldas, dos namorados e das cábulas...
Tanta coisa... tantos anos... ...e parece que foi ontem...
Descíamos a rua juntas a caminho de casa, ríamos que nem umas perdidas com disparates sempre novos, partilhávamos gostos e desgostos...
Éramos tão amigas! Tão amigas!...
Encontrávamo-nos às 7 da manhã, duas vezes por semana, antes das aulas, porque ela baldava-se ao curso de inglês que o pai a obrigava a frequentar e eu acordava mais cedo só para lhe fazer companhia. Nesses momentos solidários fumávamos como gente grande, e falávamos... Conversas que nunca tinham fim, sempre com as mesmas personagens, os mesmos sonhos e ambições, as mesmas raivas e frustrações...
Como é que nos afastámos tanto Tininha? E afinal estiveste sempre aqui... Reconheço isso hoje, quando te abraço e sinto que nunca te deixei partir...
O teu olhar azul sempre me confortou, a tua voz amiga, os teus carinhos que chegavam sempre quando eu menos esperava, e mais precisava...
Então falaste... mas não te consegui ouvir.
Concentrei-me e olhei-te mais uma vez. Sorriste ternamente e envolveste-me num novo abraço, este com sabor a despedida, a tristeza, a solidão.
Porquê? Ainda agora nos encontrámos... e eu preciso tanto de ti, e tenho tanta coisa para te contar...
Quis-te fixar mais uma vez, mas quando te larguei não te consegui mais agarrar... vi-te sumir, como se fosses um anjo azul, num céu azul...
Desculpa Cristina. Só espero que estejas bem...
...e que me continues a visitar sempre que puderes, de preferência num sonho sem fim, diferente deste...


(A Cristina morreu, num acidente de viação, no dia 25 de Outubro de 1997)

Andar de mota

Que alegria! Está um dia radiante cheio de sol! O céu está azul, o vento não corre e o piso está seco!
Apodera-se de mim uma vontade louca de a ir buscar...
Visto-me desportivamente, agarro no blusão e nas luvas e lá vou eu rumo à garagem.
Não fica muito longe da minha casa. São talvez uns 200 metros que faço sempre com ansiedade.

Aos anos que gosto de motas.
Comecei como pendura. Fizesse chuva ou sol, vento ou frio, lá ia eu e os condutores da altura: amigos, namorados, conhecidos... eu queria era andar de mota.
Fosse com quem fosse!
Era jovem, o sangue fervia-me nas veias e nem pensava nos perigos que corria.
Felizmente nunca me aconteceu nada de grave. Apesar de ter sido co-protagonista de uma série de malabarismos, corridas e aventuras alucinantes, em cima de motas tão frágeis como inseguras.
E eu delirava com esses passeios. Ultrapassagens perigosas, curvas fechadas a roçar com os pisas no chão, andar colados aos carros para aproveitar os “cones de ar”... enfim, loucuras de adolescentes.

Mais tarde decidi passar a ser condutora. Comecei com uma acelera.
Ainda não tinha nem seguro nem licença e já andava por aí a rasgar. Adorava!
E como era uma mota pequena e leve eu fazia dela o que queria... Só não conseguia fazê-la andar mais!

Passados uns meses aventurei-me e comprei uma maior: uma Serow 225!
Isso é que foi uma bela compra! Já ninguém me agarrava.
Andávamos juntas para todo o lado. E com esta até na ponte já podia passar.
Era uma maravilha!
Arranjei uma série de amigos motoqueiros e todos os fins de semana lá íamos nós para o Cabo da Roca, ou para a praia, ou simplesmente andar de mota, por aí...
“Sem pendura... que a vida já me foi dura p'ra insistir na companhia” canta o Luís Represas, e eu assinava por baixo.
Andava sempre sozinha e não aceitava penduras. Era eu e ela.
Mas gostávamos muito de andar em grupo.

Até que um dia tive um acidente. Sem culpa nenhuma fui parar ao Hospital com uma série de mazelas e um medo novo que ia ser difícil de ultrapassar...
Foi aí que a nossa relação se deteriorou...
O”bichinho” continuava cá dentro, mas cada vez que me sentava nela não conseguia deixar de tremer. Era indescritível, e muito superior às minhas forças.
Desisti de lutar, e vendi-a.

Mas uma paixão como esta não passa assim...
Mais fácil é esquecer o medo, e foi isso que acabou por acontecer.
O ano passado comprei outra. A mota dos meus sonhos. A que sempre desejei ter: uma XT 600!
Quando a fui buscar, a Évora, já não conduzia uma mota há 5 anos.
Ia um bocado preocupada mas quando a vi, azulinha, linda de morrer, a convidar-me para dar uma volta, não vacilei.
Viemos até Lisboa sem parar, sem pensar, sempre a cortar o vento.
Com esta mota a paixão é diferente. Mais serena, mais consciente. E além disso partilho-a com o meu marido, que não tem carta mas que adora andar à pendura.
E quando vamos os três dar uma volta sinto-me a mulher mais feliz do mundo.
No entanto sinto uma responsabilidade acrescida. Já não sou só eu e ela.
Há um terceiro elemento, uma vida que depende da minha condução e da prestação da minha mota.
É uma grande responsabilidade que, por vezes, me divide e me faz pensar se o sentir este prazer poderá compensar todos os riscos que ele acarreta.
Adoro andar de mota, sentir a velocidade, a liberdade e o poder que ela me transmite... isto para não falar da vaidade, porque “uma miúda” a conduzir uma XT chama sempre a atenção ;)
Por outro lado, tenho esta sensação de que tudo pode voltar a acontecer. De um momento para o outro posso magoar-me a sério, e desta vez pode ser para toda a vida...
E hoje já não tenho 18 anos. Já tenho responsabilidades, deveres, pessoas que dependem de mim e da minha saúde...
Claro que de carro também posso ter um acidente. Mas é menos provável magoar-me tanto como de mota.
Será que já tenho idade para ter juízo? Ou será que não há idade para isso?
Sei que sou uma condutora consciente e responsável, mas não estou sozinha na estrada... E mesmo a estrada pode ser perigosa. Tudo pode acontecer.
Afinal para morrer basta estar vivo...
Se calhar a resposta está mesmo nesta frase. Tudo na vida acarreta riscos. No entanto, não é por isso que deixamos de viver, e de arriscar.
Todos os dias saímos de casa sem ter a certeza de voltar ao fim do dia.
Tantas coisas podem acontecer. E no entanto saímos.
Conduzir motas é perigoso. Mas viver também o é.
Ao menos que vivamos felizes...

Thursday, August 03, 2006

Quem sabe, sabe e o Neruda e que sabe...

ESTAR VIVO!

"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajecto, quem não muda as marcas no supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!”

Verao cinzento

O tempo está cinzento, escuro, triste. Nem parece que estamos em pleno Verão.
Em dias como este visto-me como o céu e sinto-me como o sol... encoberta.
A minha vida está estranha. E hoje tenho esta perfeita noção.
Não sou, nunca, uma pessoa calma e contida. Sou impulsiva, ansiosa, nervosa, com tendência a sofrer por antecipação.
Ainda a manhã está a começar e eu já estou a pensar que o dia vai ser cinzento até ao fim.
Sei que tenho de mudar. Tenho de aprender a aceitar o que me acontece com calma, tenho de ver as oportunidades escondidas e não pensar exageradamente no futuro. Mas custa-me tanto...
Hoje estou a fazer novamente o que gosto. O que amo, realmente. Ainda meia envergonhada por estar num meio estranho, mas nada hostil.
Sei que o tempo vai ajudar nesta integração, mas é esse mesmo tempo que me falta e me confude as ideias.
Estou à experiência... Depois de ter passado por uma experiência traumatizante numa outra agência.
Quero acreditar que vou vencer, mas o medo de falhar, de não ser suficientemente boa, de não convencer, toma conta de mim, em quase todos os momentos.
Tive de aprender a não criar expectativas demasiado altas, a viver um dia de cada vez, a não sonhar... Eu!! Que governo a minha vida com sonhos cor de rosa, que os deixo tomar conta de mim... uma sonhadora nata, proibida de sonhar. Para não sofrer.
Alguma lição havia de tirar do que me aconteceu. Mas o meu desejo é deixar-me levar por mais este sonho, por mais esta aventura que tem dado cor à minha vida. Tenho de arriscar, mas sempre com a noção de que pode não acabar bem.
É como ir para um campo de batalha, sem armas nem protecções, disposta a lutar contra o inimigo, disposta a investir com todas as minhas forças, mas sabendo que basta um tiro para me matar. E mesmo assim vou. Porque quero surpreender este "inimigo" com a minha coragem, o meu atrevimento e o meu talento...
Um novo emprego, uma nova etapa. Uma nova prova.
Não posso pensar como irá acabar, mas não deixo de o sentir...
Tenho pressa de viver, de mostrar, de vencer. Tenho pressa de ser eu. Todos os dias.

Wednesday, August 02, 2006

Finalmente

Seguindo o conselho de muito boa gente lá me decidi a criar o meu blog. Dito assim, até já gosto mais dele ;)
Vou tentar corresponder às expectativas e aqui depositar, regularmente, as minhas ideias, desabafos, pensamentos e tudo o mais que for surgindo.
Até lá, então