Um blog cheio de ideias. Algumas soltas... outras nem tanto! Foi a forma de uma copy perdida se encontrar, finalmente, com as suas palavras... E consigo mesma.

Thursday, October 25, 2007

Fazes-me falta Tininha...

"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente… Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo poderia ser meu para sempre.”
M.Sousa Tavares – “Não te deixarei morrer David Crockett”

Faz hoje 10 anos que morreu uma das minhas melhores amigas.
Todos os anos, neste dia, ligo à Mãe dela. Todos os anos a recordamos assim, juntas, durante um bom bocado. Sei que a minha voz lhe lembra aqueles tempos em que eu lhe telefonava todos os dias:
- “D. Conceição… Como está? Posso falar com a Cristina?”
E falávamos horas a fio… de tudo e de mais alguma coisa. Todos os dias.
O número dela ainda não desapareceu da minha memória. Há dias em que dou por mim a marcá-lo, mecânicamente, para lhe contar o que me aconteceu. Que falta que me fazes amiga…
Morreu num acidente de viação, com apenas 23 anos. Nunca tinha assistido a um funeral assim. Tantos amigos, tanta lágrima, tanta dor… Uma morte que não se explica, uma saudade que não passa.
Quando falo com a Mãe dela absorvo esta saudade. Filtro aquela voz doce e transformo-a na da minha amiga perdida. Quase que a oiço…
E a D. Conceição trata-me como uma filha. Mima-me e aconselha-me muitas vezes. Acho que vê na minha vida um bocadinho do futuro que a filha não teve o direito de ter. E eu vejo nela a sabedoria própria das mães, o envelhecer que não cheguei a ver na minha e as recordações de tempos idos, mas não esquecidos. Vou recordá-la para sempre...
Recebe um beijo amiga, onde quer que estejas.

Tuesday, October 16, 2007

Gritos mudos



Os gritos saem mudos, as lágrimas caem sem deixar rasto, os sorrisos são mascarados e a tristeza é a única certeza.
Eu não sou eu, sou uma fraude. Refugio-me no trabalho e escondo tudo o que me vai na alma. Não quero pensar... mas os sonhos traem-me e, neles eu sou eu, confrontada com todos os meus medos, num terror quase assustador.
A minha vozinha interior diz-me para não os enfrentar. Ainda não é a altura... Não sei se vai chegar.
Aquela que eu pensava ser eu deixou de existir... Desapareceu há 3 meses atrás. Não gosto de quem sou agora, mas só assim consigo continuar. Sem coragem, sem esperança, sem nada.
Não me conheço e quase ensurdeço com tantas dores a gritar dentro de mim.