Um blog cheio de ideias. Algumas soltas... outras nem tanto! Foi a forma de uma copy perdida se encontrar, finalmente, com as suas palavras... E consigo mesma.

Sunday, January 25, 2009

O meu adeus ao cão mais bonito do mundo :(



Foi em 1992, enquanto passávamos férias na Venda do Pinheiro, que o meu pai apareceu lá em casa com o Twiky.
Um cocker castanho, quase dourado, pequenino, reguila e lindo de morrer. Ficámos doidas!
Sempre quisemos ter um cão e chamá-lo Twiky (como o robot do Buck Rogers). Na altura éramos umas adolescentes em ascensão. Fumávamos os primeiros cigarros, dávamos os primeiros beijinhos às escondidas no jardim e ter um cão era a desculpa perfeita para nos pirarmos mais vezes de casa.
A minha Mãe é que não achou muita piada à oferta. Um cão lá em casa?? Devíamos estar a gozar! Avisou logo que nós é que seríamos sempre responsáveis por ele, que não queria a casa suja e muito menos ter de o passear. Mas nós assumimos essa responsabilidade com alegria!
Cresceu no meio de gritos e confusões. Quando a nossa Mãe nos ralhava ele ladrava. Quando havia discussões ele também participava. Ladrava tanto e tão alto que nós tínhamos que nos calar para ele também se calar. E depois vinha-nos beijar... Cresceu stressado no meio de 3 mulheres diferentes, revoltadas e inconformadas, que se amavam mas não sabiam como lidar com tantas mudanças. Infelizmente, não foram poucas as vezes que descarreguei nele a raiva que sentia por tudo o que nos estava a acontecer. Mas ele continuou a amar-me, a perdoar-me e a mimar-me. Sempre!
Acompanhou de perto o período mais negro da nossa vida. Dizem que os cães percebem e sentem muito mais do que imaginamos e, naquela altura, eu vi isso acontecer.
Nos últimos dias de vida da nossa Mãe o Twiky também andava triste.
No dia em que a minha Mãe morreu a casa encheu-se de pessoas. Pessoas que ele já conhecia e outras que nunca tinha visto. Numa situação normal, ele não deixaria essas pessoas saírem lá de casa sem serem todas cheiradas e abalroadas umas 300 vezes. Mas nesse dia ele não saiu da marquise. Via as pessoas a passarem por ele e não se mexia. Ninguém o viu, nem o ouviu. Ele só suspirava… E isto é mesmo verdade! Nunca o tinha visto tão triste.
À noite, depois de todos se terem ido embora, eu e a minha irmã estávamos no pátio, caladas, a fumar um cigarro e a olhar para as estrelas.
Reparámos, ao mesmo tempo, numa estrela mais brilhante que todas as outras. Parecia estar a piscar para nós. Falámos nisso e apontámos para ela. Nesse instante, o cão saltou para cima da casota e olhou fixamente para o céu.
Depois sentou-se e virou-se para nós. Sorrimos e dissemos-lhe: “É a Mãe Twiky? Será que já está a olhar por nós?” Ele voltou a olhar para a estrela e começou a ladrar freneticamente. Depois virou-se para trás e lambeu cada uma de nós.

...
O Twiky não era só um cão... Participou na nossa vida, como um irmão!
Ouviu segredos, lambeu lágrimas, fez-me rir quando só me apetecia fugir.
Era muito mais do que um cão... Era um compincha, o nosso guarda, um grande amigo que alinhava em todas as saídas e em todas as partidas...
Também era resmungão, teimoso e caprichoso. Quando era novo deu-nos cabo do juízo! Tinha uma personalidade forte e era muito rebelde. Mas era também tão paciente e tão meigo... Perdoava-nos tudo e estava sempre pronto para nos confortar. Nem precisava de falar porque comunicava só com o seu olhar, tão profundo, tão meigo, tão dedicado.

Ontem tudo isto acabou... Assim, tranquilamente, como se estivesse apenas a adormecer no meu colo, como fez tantas e tantas vezes.
Sei que nunca mais vou esquecer este dia e toda esta dor que estou a sentir...
No dia 14 de Agosto de 1992 o Twiky entrou nas nossas vidas. 17 anos depois eu acompanhei-o à saída...

Dói-me tudo... Desculpa Twikyzico.

Nunca te vou esquecer meu querido irmão.

3 Comments:

Blogger mariana said...

"Sei que nunca mais vou esquecer este dia e toda esta dor que estou a sentir..."
Mizinha, espero q com o tempo a imagem qguardas deste dia seja substiutída por todas as recordações lindas q guardas deste companheiro.
Espero q a dor seja atenuada com lembranças dos momenos vividos com o Twiky...
Ele está a descansar e aposto q se olhares para a mesma estrelinha cintlante o vais ver lá...
LvU "dona" mai linda!

3:35 PM

 
Blogger david santos said...

A vida é muito longa. Há quem pense o contrário, mas... a morte do Twikyzico mostra que é verdade.
O sentimento é muito pesado. Ao contrário, a festa é curta e leve. Acaba sempre perto. Contudo, o sentimento pela morte de um amigo ou de um familiar, não acaba naquele dia. Vai continuando a pesar nos nossos espíritos e mostrando-nos que há muitas coisas que nunca soubemos avaliar: o amor.
O Twikyzico, ainda que com os seus dias terminados, tal como todos os que amam, vai pesar até ao fim das nossas vidas. Neste caso, dos amigos dele e das pessoas que com ele se riam e brincavam. A dor não se vai. Daí eu dizer: a vida é muito longa.
Até sempre Twikyzico. Eu também era teu amigo.

David Santos

12:14 PM

 
Blogger PRECIOSA said...

Fez-me chorar....
Cada vez mais, acredito que o cão é muito melhor que amigo
Nos entende sem nada em troca pedir
A não ser carinho.....

Abraços carinhoso

Preciosa Maria

7:34 PM

 

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